Em algum lugar da linha do tempo, emperrei.

• A idade? Não sei.
• O lugar? Um tanto ofuscado pela nuvem de fumaça.
• O ambiente? Estranho, mas ao mesmo tempo familiar. 
• O aroma? Se confunde com uma estranha solidão.

Emperrei, escorreguei, caí, machuquei, paralisei, fiquei. A Palestrante Comportamental Irlei Wiesel afirma que:

Lá uma parte de mim fez morada. Não consigo ver ou ouvir nada, mas consigo sentir um abismo imenso que separa, meu mundo ideal do mundo real.

Carrego um fardo. A dor no peito abafa meu progresso e felicidade.

Por mais que o tempo me leve pra frente, por mais que o calendário sinaliza o movimento dos anos, por mais que lute para não me tornar uma adulta emperrada, por vezes parece inútil o esforço e a tentativa de me libertar do que não vejo, ouso, mas sinto.

              O mundo me espera, mas uma parte de mim, em algum lugar da linha do tempo, amedrontada e ferida, me espera também.

Estou em conflito:

• Viajo para trás ou pra frente?
•  Devo deixar-me lá, chorando meu trauma?
•  Devo me resgatar?
• Devo pensar que o passado não importa?
• Devo afirmar que é bobagem mexer no que já passou?
• Devo acreditar que o que vale é daqui pra frente?
• Devo me abandonar mais uma vez?
• Devo acreditar que um dia irá passar?
• Devo espernear, lutar e criar o meu sucesso a ferro e fogo?
• Ou, devo ultrapassar a nuvem de fumaça e me resgatar?

              Dúvidas que não tenho tempo para aprofundar. Amanhã é outro dia, vou vestir a melhor roupa, sorrir artificialmente, ir pra rua e cavar meu sucesso custe o que custar. O resto, fica para quem tem tempo de pensar besteira.

              Enquanto isso, na calada da noite, alguém precisa de resgate, seria você?

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